sexta-feira, dezembro 21, 2007

Linkai-vos uns aos outros


Por Chico Peixoto
Do Feira Livre

Seqüestros-relâmpago, rebeliões, assassinatos, corrupção e impunidade, só para citar alguns crimes. Não bastasse a bagunça registrada durante o ano pela mídia, o começo desta semana parecia dar indícios de que até mesmo os valores mais tradicionais estão sendo jogados no lixo. Papai Noel que o diga.

Segunda-feira (17), um helicóptero que levava o bom velhinho foi atingido por tiros disparados do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. E olhe que Noel iria apenas fazer a festa da criançada na localidade. Os traficantes, porém, devem ter encarado o visitante como mais uma ameaça às bocas-de-fumo. Enfim, nada de presente por aquelas bandas.

O início não foi dos melhores, mas ainda há brasileiros dispostos a mostrar que nem tudo está perdido. Em São Paulo, um grupo de voluntários representam bem o que se espera no período natalino: homens e mulheres vão às compras por crianças que nunca viram. Um nome, um número de camisa ou de sapato e muita vontade de ajudar é o que essas pessoas têm em mãos. Os presentes foram entregues na quarta-feira (19). Confira como foi no endereço http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM767787-7823-BRASILEIROS+LEVAM+O+NATAL+A+QUEM+NAO+TEM+COMO+FESTEJAR,00.html.

É comum, mas não a única forma de alimentar o amor ao próximo, especialmente na era da informação. Se crimes como corrupção, pedofilia, entre outros, são aperfeiçoados com a tecnologia, porque não o espírito natalino? Graças ao número cada vez maior de recursos que a Internet proporciona, a solidariedade que antes levaria dias para chegar no coração de quem precisa, agora pode fazer o caminho na velocidade de um clique.

Com a fusão de mídias, característica marcante da hipermídia, é possível enviar uma “multimensagem” de natal, mesclando texto, imagem e vídeo, por exemplo. Difícil não ficar comovido ao receber. E quanto à interatividade? Imaginem neste fim de ano o quanto a salas de bate-papo estão cheias de gente que não se vê há tempos e estão distantes. Imaginem quantas videoconferências estão sendo feitas neste momento com o objetivo único de matar a saudade.

É provável que você fique perdido em meio a tantas mensagens, enviadas das mais variadas formas, nos mais diversos formatos – tudo “culpa” da capacidade que o ciberespaço tem de concentrar informação.

Lúcia Santella comenta em um de seus livros, Comunicação & Pesquisa, que a Internet - como todo fenômeno globalizador -, tende a integrar, mas também desagregar grupos. Façamos, então, uma corrente contra essa maré de exclusão dentro e fora do meio digital. Através do respeito, da compaixão e todos os outros valores em favor da vida, façamos o possível para tornar as pessoas mais próximas umas das outras, como se fôssemos nós e nexos em busca do cartograma navegacional perfeito.

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