segunda-feira, maio 28, 2007

Profissão

Diário de um marujo

Por Pedro Moura
Do Feira-Livre














Dupla inspeciona barcos de pesca

Um repórter deve estar pronto para cobrir qualquer evento ou executar uma pauta. Mas quando a pauta é a vida militar, essa “missão” se torna um pouco complicada devido a restrições e detalhes que comumente se vê no tocante ao assunto. Para essa matéria não foi preciso o uso de personagens, pois este estudante de jornalismo é militar. A vida na Marinha de Guerra é uma situação muito particular devido a seus pormenores. Engana-se quem acredita que somente a bordo de fragatas, corvetas, navios patrulhas, submarinos etc, que se desenvolve esta atividade de cunho militar. Existem, também, militares que servem embarcados nas Organizações Militares (OM) de terra, ou “no chão” como se diz na Marinha do Brasil (MB). Tais OM são as Bases Navais, quartéis ou Centros de Instrução – que compreendem as OM do setor de ensino onde são ministrados cursos de carreira, hospitais, arsenal além de museus e centros culturais. Para os que servem embarcados a rotina de manter um navio de guerra safo para uma possível ação é constante, indo desde uma simples anotação em uma papeleta de acompanhamento do funcionamento de um equipamento até a montagem de sofisticados sistemas de comando, informação, controle e combate. Manter os equipamentos em perfeição e no “estado da arte” – para usar um termo comum quando se fala de novidades industriais, a qualificação é uma constante na MB. Os militares estão constantemente fazendo cursos e estágios tanto internos quanto externos.

Mas o que dizer dos que servem no chão? Aqui em Pernambuco a MB se faz representar pela Escola de Aprendizes Marinheiros de Pernambuco (EAMPE), Capitania dos Portos de Pernambuco (CPPE) e pelo Hospital Naval de Recife (HNRe).

Dentre as três OM a que mais se mantém atuante junto à sociedade pernambucana é a CPPE. Sua missão se traduz em fiscalizar e educar a comunidade marítima em relação à salvaguarda da vida humana no mar, o controle de navios, o combate à poluição e o ensino profissional marítimo, mantendo assim pessoas aptas para embarcarem em navios da Marinha Mercante e a confecção de carteiras de habilitação para amadores.

A fiscalização em nosso litoral é uma das ações dos militares que compõem as equipes de Inspeção Naval (IN), verificam os documentos das embarcações e do condutor, os itens de segurança como o extintor de incêndio, coletes salva-vidas e bóias circulares e o estado da embarcação. A rotina destes militares começa antes mesmo de chegarem a bordo. As equipes estão sempre de prontidão e por muitas vezes tiveram que regressar de madrugada para atender um chamado de emergência de uma embarcação que está perdida, sofreu um afundamento ou um incêndio. Outra função é acompanhar desembarque de algum tripulante de navios mercantes que por aqui navegam ou verificar a autenticidade de alguma informação por parte de alguma Agência Marítima. A preparação das saídas para as equipes reveste-se de uma preocupação, pois, cada detalhe deve ser avaliado como se fosse a primeira vez. Viatura abastecida, verificação do estado de conservação e de seus equipamentos como luz, freio, reboque e os documentos. A embarcação, muitas das vezes um bote inflável, é o meio empregado para a abordagem de lanchas, pesqueiros ou jet ski, mas nem sempre é possível a abordagem devido a algumas embarcações serem mais potentes do que os motores utilizados nestes botes. Para tal a aquisição de uma nova embarcação com características específicas, para uso militar, trouxe mais flexibilidade, e velocidade, para as equipes.

Cada equipe é composta de quatro inspetores, que também podem ser funcionários civis com curso de IN, que cumprem uma rotina de oito horas diárias, mas que permanecem de prontidão durante 48 horas. De sexta a domingo estarão de efetivo serviço executando as inspeções em diversos locais da costa pernambucana, inclusive podendo ir ao arquipélago de Fernando de Noronha. Para que seja realizado este serviço, a bordo existem funções específicas que são desenvolvidas por diversas especialidades – vale lembrar que quando servindo em OM de terra a maioria das especialidades transmutam-se em profissões de administração. O organograma de uma Capitania dos Portos (CP) está dividido em três departamentos que são: CP-10 ou Departamento de Ensino Profissional Marítimo (EPM), CP-20 que é o Departamento de Segurança do Tráfego Aquaviário e o CP-30, Departamento de Apóio.

Os setores que mais mantêm contato com a comunidade marítima é o de Ensino e o de Segurança do Tráfego Aquaviário devido a peculiaridades de suas funções. Para tanto existe uma rotina de atendimento ao público de terça-feira à quinta-feira de 13h15 às 16h quando são recebidos diversos requerimentos para registro, transferência, mudança de nome e alteração de dados de embarcações, segundas vias e cadastro de Carteira de Habilitação de Amadores (CHA) e de Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) de aquaviários.

Segundas, quartas e sextas de 07h45 às 08h50 o Treinamento Físico Militar é uma atividade obrigatória para todos os militares quando se pratica o futebol, o vôlei, o basquete e a corrida. O expediente normal se encerra às 16h30, contudo para que a CPPE continue “acordada” os militares que compõem a tabela de serviço continuam a bordo. Guarnecendo a Sala de Estado – a recepção, militares entre Sargentos, Cabos e Marinheiros cumprem os “Quartos de Serviços” que começam às 12h e a cada quatro horas se revezam, mantendo assim, sempre uma equipe “de pau”, como se chama o serviço na linguagem marinheira. Esses militares de serviço fazem, a partir do encerramento do expediente, o despacho de embarcações. Tal despacho consiste de um documento no qual consta os dados da embarcação e somente de posse deste “Passe de Saída” poderá empreender viagem.


Edição: Alexandre Acioli Jr.
Observação: assinatura sem negrito, sem crédito dentro da foto, atenção à concordância verbal.

Um comentário:

Manuela Allain Davidson disse...

Esta poderia ter sido mais objetiva, Pedro, e o lide ficou enorme.

Quando escrever para a web, tente sempre colocar uma idéia por parágrafo. Não tenha medo de que seu leitor perca o fio da meada.

Contanto que suas idéias estejam bem elencadas no texto, a divisão de parágrafos até ajudam no processo de imersão na leitura.