quinta-feira, maio 17, 2007

Teatro

Vanguardismo e entusiasmo na Trupe do Barulho

Por Alexandre Acioli Jr.
Do Feira-Livre


Não é fácil deixar de comparar a Trupe do Barulho com as duas cenas de abertura e fechamento do filme Blow Up - depois daquele beijo. É com o entusiasmo vanguardista que essa companhia teatral se renova há mais de 35 anos. Assim como é produzida a descontrução de certos paradigmas pelo diretor Michelangelo Antonioni, Jeison Wallace, junto aos companheiros de cena, pede espaço para repensar as formas de se fazer teatro em Pernambuco.

Desde 1974, quando jovens ligados à Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife trabalharam no espetáculo Vivencial I – apresentação de colagens de textos de Jean Genet, Bertolt Brecht e do noticiário da Imprensa –, o não comum foi uma preocupação. Nesse mesmo ano, na apresentação do Teatro do Bonsucesso, comentários apontavam o sucesso das posições ideológicas e práticas cujo embasamento provinha de autores que não tratavam de temas superficiais. O que foi visto estava ligado à desestabilização da base sistematizada de um modelo midiático que dita as normas de convívio intersocial. É válido lembrar que Genet alude a um legado repleto de produções que destoam da sexualidade presente na realidade da totalidade do público pernambucano.

Hoje, depois do Vivencial I, o grupo contém parte do núcleo iniciado em 70, além de incluir outros integrantes que se envolveram com a Trupe do Barulho – denominada assim há 17 anos. Wallace, um dos fundadores, eternizou seu papel de Cinderela – segmento da peça Cinderela: a história que sua mãe não contou. Muito embora, o sucesso desse personagem levou-o ao afastamento momentâneo do grupo.

Mesmo com a saída de um dos fundadores e a possível reformulação de uma nova idéia conjuntural na década de 1990, o espírito de quebra aos padrões arcaicos é evidente na presença das idéias dos mantenedores da trupe: Aurino Xavier, Bobby Mergulhão, Flávio Luiz, Jô Ribeiro e Ricardo Neves. É possível vivenciar parte desse legado em As criadas malcriadas que está em cartaz no Teatro do Parque.

Serviço:
Sábados, às 12h, e domingos, às 20h
Teatro do Parque
R$ 10 e R$ 5

Edição: Bruna Damaso.

Observação: Alguns trechos em itálico.

Um comentário:

Manuela Allain Davidson disse...

Menino... isso não é um post de blog jornalístico... é quase uma monografia!! Hahahaha. O tema é muito interessante, Alexandre, mas a linguagem hermética limita muito o alcance do seu público. Achei um pouco confuso.. acho que você poderia ter objetivado mais e trazido As Criadas Malcriadas para cima, até para justificar o serviço que você colocou no pé da matéria.