sexta-feira, dezembro 01, 2006

O Velho Chico e suas bênçãos

Por Joffre Bandeira
Do Feira-Livre


Pernambuco sempre se destacou como um dos maiores fornecedores de produtos agrícolas do Brasil. Segundo dados do último senso do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado produz mais da metade de toda a farinha consumida no nordeste e 28% do feijão que o brasileiro como todos os dias. Porém, outro tipo de cultura tem chamado a atenção para o mercado agrícola Pernambuco: a vinicultura, ou seja, produção de uvas. O mais espantoso é que estas frutas, geralmente cultivadas em clima frio, estão tendo ótima adaptação ao sertão, graças ao oásis abençoado do Rio São Francisco.

Em pleno semi-árido, a uva do São Francisco, como é chamada, atinge excelentes níveis de suco e açúcar para a produção do “Néctar dos Deuses”, o tão famoso e apreciado vinho. Atualmente, o vinho produzido em Pernambuco tem feito muito sucesso nas mesas dos apreciadores do “líquido de Baco”, e sua qualidade não deixa a desejar às vinícolas do sul brasileiro. “Os agropecuaristas do Vale do São Francisco investiram em uma uva de ótima qualidade, e com o apoio de pesquisas e estudos feitos na região, o nosso vinho é hoje respeitado e apreciado em todo o Brasil”, diz o Engenheiro Agrônomo da Embrapa São Francisco Dr. Egidio Oliveira.

Cidades como Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, que antes só produziam manga e banana, hoje em dia também produzem goiaba, melancia e uva, é claro. E oi melhor de tudo, 65% de toda esta produção é voltada a exportação. É Pernambuco vendendo para o mundo, e produzindo vinho para todo os gostos. Esse “milagre” só foi possível graças a irrigação.

Com os mais modernos métodos de capitação de água, os produtores conseguem manter o nível de umidade do solo semi-árido sempre elevado. Sendo assim, a produção de frutas de clima frio como a uva pode ser viabilizada. “O Rio São Francisco é o maior aliado do produtor desta região. Com a irrigação feita por suas águas, conseguimos fazer o improvável: produzir vinho no sertão”, vibra Artur Morato, dono da vinícola Monte Claro, uma das mais equipadas da região.

Na Vinícola Morato, são produzidas até 4000 garrafas de vinho por dia, dependendo da época do ano. “Em Agosto começa o pique da safra, é a época em que mais produzimos vinho. A partir de janeiro, cai um pouco a qualidade da uva. Ela fica mais seca, ai utilizamos a uva para mesa, para consumo, e não para o vinho”, explica Morato.

O fato é que Pernambuco soube aproveitar as bênçãos divinas das águas do São Francisco. Mesmo a região não sendo propícia para a produção de uva e vinho, os produtores da região investiram certo. Com o apoio de pesquisadores e cientistas, transformaram o sertão do São Francisco em um verdadeiro oásis do deserto.

Um comentário:

Manuela Allain Davidson disse...

Texto riquíssimo para a internet, Joffre. Você só precisa tomar mais cuidado com o português. Parabéns!