sexta-feira, dezembro 01, 2006

A alternativa da pipoca

Por Leandro Lopes
Do Feira-Livre

Chega da badalação e do vai e vem dos cinemas localizados nos shoppings. Uma opção para toda a família é conferir uma das cinco salas do circuito de filmes alternativos que a cidade oferece nas chamadas sessões de arte. Filmes de produções de países europeus, asiáticos, latinos e produções locais fazem parte dessa mostra cinematográfica, que atrai públicos de todas as idades.

As salas são: Cinema do Parque, Cinema da Fundação (Fundaj), Cineteatro Arraial, Cineteatro Apolo e o Instituto Lula Cardoso Ayres. O Cinema do Parque, por exemplo, localizado no centro, foi inaugurado em 24 de agosto de 1915. É um dos mais antigos do Recife. O Cinema do Parque exibe além de filmes alternativos, películas do circuito comercial, só que a preços populares. O ingresso custa R$1. A casa mantém um espaço multicultural, que inclui apresentações da Banda Sinfônica da Cidade do Recife, espetáculos teatrais e exposições de arte (no jardim e no hall do teatro). “Assisti à Lisbella e o Prisioneiro no Cinema do Parque. Adorei a idéia de poder trazer minha família para o cinema, pois o preço sai mais em conta.”, comenta o motorista aposentado José Alcides Ferreira [idade?].

Algumas salas do circuito comercial possuem uma agenda reservada para a exibição de filmes independentes. “Os grupos Severiano Ribeiro e UCI levam adiante um projeto de exibição de filmes alternativos, que começou em Fortaleza, e hoje inclui Recife e Maceió”, disse o programador Pedro Pinheiro, responsável pela agenda de filmes alternativos do grupo Severiano Ribeiro.

As sessões ocorrem nas sextas, às 21h, e sábados, às 11h, no Multiplex Boa Vista. Na zona sul, em Boa Viagem, no Multiplex Recife, os filmes são exibidos de segunda a quinta-feira, às 19h. Os ingressos custam R$ 12 adultos e R$ 6 meia.

Segundo Pinheiro, o circuito alternativo no Recife teve início em 1996, nos cinemas do Shopping Center Recife, com as famosas sessões de arte. Em março de 2004, a idéia foi retomada com a exibição dos filmes “Albergue Espanhol” e “À Francesa”, que permaneceu durante sete semanas em cartaz e movimentou um público de 1.800 pessoas.

Se você está disposto a se aventurar em busca de raridades, o Instituto Lula Cardoso Ayres, localizado na Cidade de Jaboatão dos Guararapes, a 20 km do Recife, lhe proporciona um acervo com mais de 3.000 títulos. Desde o cinema mudo (1893-1927), como películas de Charles Chaplin, até os clássicos do cinema brasileiro (1930-1960). “Minhas coleções de filmes de Buster Keaton, Charles Chaplin e Max Linder são respeitadas no mundo inteiro, mas não sei dizer quais os títulos mais raros”, conta o colecionador Cardoso Ayres. O horário de funcionamento é de terça a sábado, das 15h às 19h. Com exibições de filmes nos sábados à tarde. Entrada franca.

Já o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), desde a década de 90 é a pedida para as pessoas que apreciam os filmes de arte. O público desse cinema, embora pouco numeroso, permanece fiel e seleto. São universitários, professores, jornalistas, intelectuais, artistas ou amantes da sétima arte que se reúnem num ambiente mais tranqüilo. “Sou freqüentador do cinema da fundação e gostei muito da última mostra de filmes franceses e do filme Dogville”, relata o estudante universitário de Rádio e TV, Eriberto Pereira.

O Cinema da Fundação passou por ampla reforma no ano passado. A sala recebeu tratamento acústico, aumento no desnível, troca de poltronas e realinhamento, a fim de facilitar a visão de quem senta atrás. O cinema é o único no Brasil que conta com elevador hidráulico, além de quatro lugares exclusivos para portadores de deficiência física. Há ainda à disposição um café bistrô.

Segundo o programador do Cinema da Fundação e jornalista, Luiz Joaquim da Silva Júnior, o espaço oferece também cópias de filmes antigos e preto e branco restauradas e traz ainda a projeção digital que confere maior qualidade de resolução e tratamento sonoro. Luiz se queixa da quantidade de pessoas que freqüentam a sala. “Hoje, nós não estamos com os mesmos números de antes, mas atrair o público é um processo lento”, avalia.

A reforma possibilitou as melhorias técnicas e estruturais e foi resultado de uma parceria da Diretoria de Cultura da Fundaj e a Chesf. “Eu quero acreditar que o Cinema da Fundação já sedimentou um espaço no ambiente cultural da cidade. Já tem forças para caminhar sozinho”, diz.

Luiz conta que ao longo de oito anos, o cinema contou com o apoio de várias instituições, como as embaixadas francesa e espanhola e os cursos de idiomas CCAA, CNA, Aliança Francesa. A capacidade do cinema hoje é de 200 espectadores. A entrada para as sessões custa R$ 6, inteira, ou R$ 3, para estudantes, professores, deficientes e idosos a partir de 65 anos. Seja você também um aventureiro e saia na busca por tesouros da sétima arte enquanto se pode achá-los. E bom entretenimento.




Produção de Áudio Luciana Alves

2 comentários:

Manuela Allain Davidson disse...

Luciana, sua voz e a da sua entrevistada Celina combinaram perfeitamente com a música de fundo (Valsa das Flores) escolhida. De quebra, sua entrevistada traz boas informações. Parabéns!

Manuela Allain Davidson disse...

Leandro, adorei o título e a sua apuração para redigir a matéria foi sólida! Há algumas repetiçõezinhas de palavra, mas como não comprometeram a fluidez da leitura, não achei necessário destacar. Parabéns!