domingo, maio 13, 2007

Superstição

Figa, carrancas e ervas - proteções pernambucanas

por Rochelly Pinho
do Feira-Livre


Atire a primeira pedra o pernambucano que nunca ficou desconfiado com uma sexta-feira 13 ou com um gato preto, que nunca fez sinal da figa para espantar más vibrações, nunca fez simpatias no período junino, nunca sentiu medo ao ouvir o pio da coruja ou se sentiu com sorte ao encontrar um trevo de quatro folhas.

As superstições de Pernambuco estão além de crenças e religiões. É uma questão de cultura, faz parte do nosso folclore. Quem nunca ouviu da avó ou da mãe as várias histórias de bicho papão, papa figo e cumadre fulozinha?


No interior do estado é ainda mais forte a presença das superstições. As casas são sempre enfeitadas com ervas ou carrancas - esculturas em madeira com dentes enormes- para espantar os maus olhares e as más vibrações do povo. Mas, a capital esta muito marcada também por essa cultura. Quem não pode colocar uma carranca na porta do seu apartamento, procura os defumadores, ervas e outros objetos que transmitem a ideia de proteção. A vendedora Janaína Aragão, que tem um boxe no Mercado de São José, no Recife, conta um dos casos que já viu: “dia desses uma mulher apareceu aqui pedindo um chifre de boi branco, para a proteção da casa. Eu não tinha, mas ela se encantou com uma corda de alho e levou dizendo que combinava com a casa e que ia se sentir protegida”.


Mesmo com o passar do tempo, com as histórias dos antepassados parecendo estar cada dia mais distantes, as supertições e crenças dos pernambucanos continuam vivas. A dona da barraca de ervas do bairro de São José, Conceição da Silva, diz que as vendas diminuiram, mas as pessoas continuam procurando os produtos. “Os mais vendidos são galhos de arruda, colonia e pinhão rocho”, conta.


Serviço:

Mercado São José- Praça Don Vital, s/nº - São José- Recife

Tel: (81) 2424-2322
Visitação: 2ª a sáb., das 6h às 17h; dom. das 6h às 12h.

Fotos: Rochelly Pinho

Edição: Tacyana Viard

Observações: Fotos sem crédito

Nenhum comentário: