sexta-feira, maio 04, 2007

Nossa Língua

O Brasil e seu palavreado.

Por Pedro Moura
Do Feira-Livre


Nada mais desagradável ou vergonhoso que estarmos conversando com alguém e não compreendermos os significados de algumas palavras.

Pare de me abufanar que eu estou atarantado. Avia, deixe de pantim e amarre aquele borrego!

Você seria capaz de dizer o significado da frase acima? Mas não se preocupe se você não for um pernambucano de frevo no pé, pois até algumas pessoas nascidas e criadas neste Estado ficam sem entender. Pensando em como outras pessoas se sairiam diante de tal fato, resolvi pesquisar um Dicionário de Pernambuquês e perguntei a alguns amigos do trabalho o que algumas palavras significavam; e o que acontece é que a reação foi a que já imaginava. As feições e reações foram de espanto e riso. Estas pessoas são pernambucanos, cearenses, baianos e outros “enses” e “anos” deste Brasil. Como nosso país teve em sua formação várias culturas, era de se esperar que em cada estado ou região, exista uma forma peculiar de se falar.

Para o jornalista Fred Navarro esse trabalho levou oito anos entre pesquisas, entrevistas e tudo o mais que se fez preciso para trazer o Dicionário do Nordeste, no qual conseguiu juntar mais de 5 mil verbetes e expressões idiomáticas de todo o Nordeste brasileiro. Várias pessoas famosas contribuíram para a realização deste trabalho, entre elas Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Netto e Chico Science.

Outros trabalhos que defederam teses de doutorado ou mestrado serviram para demonstrar como se deu a formação de nossa lingüística. Como exemplo temos “A Língua Geral Amazônica: aspectos de sua fonêmica”, dissertação de Mestrado de Luiz Carlos Borges onde mostra como se deu a acepção da Língua Geral Amzônica (LGA) do alto Rio Negro. Já Manoel Mourivaldo Santiago Almeida defendeu seu doutorado falando sobre o português falado em Mato Grosso entre os séculos XVII e século XVIII em “Aspectos fonológicos do português falado na baixada cuiabana : traços de língua antiga preservados no Brasil (manuscritos da época das Bandeiras, século XVIII)”.

E antes que me esqueça: Pare de me perturbar que eu estou superocupado. Se apressa, deixe de artimanha e amarre aquele cabrito!


Edição de texto - Elaine Menezes

Um comentário:

Manuela Allain Davidson disse...

Texto muito bem humorado escritos com bom uso de hiperlinks para sites de conteúdo correlato. Bom exercício de webwriting - apesar do recorrente problema de separação de idéias e parágrafos.